(pontos 10, 11, 12, e 13 no mapa)
Xacobear aqui vamos nós!
O dia não está muito famoso, mas pelo menos já não está a chover, me parece do quarto, e a “bifa” não foi namoriscar nenhum D. Juan Galizeano. Casacos, luvas e calças sequinhas, ao menos isso. O material secou, ufa! Mas, como é cedo e o check out é ao meio dia, aproveitamos para deixar a tralha no “hostal” e irmos tomar o desayuno fora (não estava incluído e mesmo assim, pagando, não existia, pelo que, não havia outro remédio senão tomá-lo fora). De dia é fácil, basta seguir as manadas de peregrinos e turistas e estamos a caminho da Catedral. De pequeno almoço tomado, lá continuámos a nossa “Compostelana” de 1km ou 2 max (documento que certifica que se realizou a peregrinação, em que tem de se fazer 100 Km a pé, ou 200 Km de bicicleta ou cavalo). Quase ao chegar à praça central da Catedral, finalmente encontro uma loja com um mini-tripé para fazer umas fotos em condições sem perigo da máquina se armar em acrobata. Já SanPedro fez das suas novamente, ainda que a chuva fosse mais ligeira do que no dia anterior. Mas era perfeitamente suportável, até de manga curta, como eu estava. Deambulámos por ruas, travessas, arcadas, praças, balcões, enfim, pelo centro todo, em redor da Catedral. Haveria muito mais para ver, é um facto, mas o nosso destino era Picos de Europa e vaguear pelas estradas de montanha. Doces aqui do sítio eram: chocolate e "pedras" de amêndoa coberta de chocolate, doces de amêndoas, torrões de amêndoa, entre outros (estes pelo menos fomos provando à medida que íamos “lambendo” montras das lojas em busca de alguns souvenirs). Cultura Celta e Católica abraçam-se em Santiago. Muita joalheria prata e ónix, artefactos celtas, música, queijos tetilla (queijo teta - dá-me ideia que é por isso que as mulheres galicianas são generosas http://www.directoalpaladar.com/cultura-gastronomica/queixo-tetilla), cruzes de Santiago, etc. Regresso ao hotel para check out e, agora sim, Picos aqui vamos nós! (já não chove, qué guay!!!)
Direcção Aeroporto A54, sair para a N-547 e a cerca de 20km de Lugo entrar na N-540. A N-547 é uma estrada fabulosa, alcatroada há pouco tempo, eu diria mesmo, há menos de 6 meses. Aqui para o Down Hill e Pikes Peak, é uma loucura! A 2 desfruta-se de outra forma, ainda assim, muito muito bom. Em alguns troços dá para o “joelho no chão”, sem qualquer hesitação, para os mais furiosos e viajantes a solo. Dá vontade até de fazer o percurso novamente - Esquecermo-nos de algo em Santiago é uma boa desculpa!
Chegando a Lugo, como usualmente, seguimos para o centro da cidade/baixa histórica. Aqui levou-nos ao centro de lojas, que mais parecia a Rua de Santa Catarina no Porto. Parámos numa esplanadita que nos pareceu simpática e tinha uns menus simples para comer, antes de seguirmos para os Picos. A esplanada era agradável, mas o interior do café era numa cave de um prédio que mais parecia um cenário mexicano do filme “Desperado” (só faltou entrar o “Mariachi”). Tudo se passou na normalidade. Comida boa, uma salada russa que era uma loucura, como entrada/1º. E tinha um papel a servir de toalha de mesa com o mapa da região que tinha bastante informação, o qual me esqueci de trazer para digitalizar.
A 2ª parte do troço que nos volta a ligar a costa foi feita na N-640 é uma estrada igualmente boa no seu traçado. Neste dia, ou meio dia de viagem, não me posso queixar de dar o gostinho às laterais dos pneus. Passando o estuário do Rio Eo, Castropol é a vila que se segue ao chegar ao mar. Pelo caminho já se denota uma maresia, com a temperatura a baixar ligeiramente, esquecendo por completo a chuva de Santiago e assistindo à chegada do solzinho e céu limpo. Todas estas sensações são umas das grandes diferenças entre viajar de carro e de moto, neste caso, estamos em contacto directo com o meio, e não estamos fechados num casulo que nos protege de todos os agentes externos que é o que dá alguma graça a esta experiência (excepto chuva, odeio chuva!).
Esta zona é toda muito sinuosa, com pequenos vales, onde entre auto-estrada e estradas nacionais e secundárias, a mistura uma verdadeira confusão. Oviedo era o nosso destino, fosse qual fosse a estrada. Tentei ir, no máximo, em nacionais como a N-634 e N-632, mas elas fundiam-se com a E70 e, no final desisti destas transições e fiz os últimos 30 a 50Km na AE, pois as pontes que atravessavam os vales são muito mais rápidas do que fazer a estradinha serpenteada que já nem nacional era (teve de ser).
Agora já cheirava a Picos. Estávamos a 70km de Cangas de Onis e é a N-634 que nos leva ao destino. Este troço tem um pormenor que adorei e já não me recordava das viagens que fiz anteriormente de carro. Acompanhamos, em paralelo, uma linha pequena de comboio, de uma só via. Passámos Nava, Piloña e Arriondas e ao longo do Rio Sella vêem-se imensos negócios de descidas de rio em kayak.
Já estamos mesmo à chegada de Cangas. 5 ou 6 km separam-nos do nosso final de viagem de hoje. A história repete-se: onde ficar e com garagem para a S3. Depois de uma voltinha só de reconhecimento da vila, decidimos que teríamos que ficar no centro e desfrutar de toda aquela movimentada vila de Cangas. Motoqueiros em viagem para o mesmo destino que nós, continuamos a ver “0”, ou então, temos um horário diferente do resto do pessoal. Tugas em motas também nada, nem parados nem a andar.
Cangas de Onís é a porta de entrada do Parque Natural dos Picos de Europa. Hotéis, restaurantes, sidrerias, lojas de souvenirs, bares, cafés, era o que não faltava. Direitinhos ao Posto de Turismo, fomos ver se havia hotéis no centro da vila com garagem. E de 50, havia 3, uns de muitas estrelas e, por último, o mais simpático, de 3 estrelas, foi o Hotel Aguia Real (http://www.hotelesaguilareal.com/) o que para um Benfiquista, já quase me sentia em casa. O parque para a mota foi 9eur e o quarto duplo 60€, com pequeno almoço. Adjudicado! Descarregar as bagagens, subir ao quarto e banhoca com um descansinho antes de jantar. A maior vantagem de ficar no centro da vila é não ter que pegar mais na mota. Percorremos a vila de uma ponta à outra e a fauna aqui era outra. Os peregrinos foram substituídos por exploradores e aventureiros. Praças centrais, esplanadas, tudo cheio! O que é bom sinal. Jantámos numa sidreria como não podia deixar de ser. Sidra é a bebida local cuja degustação requer todo um ritual denominado de “escanciado”, que consiste em verter o líquido a uma altura considerável para um copo especial (alto e largo), para que a bebida supostamente adquira força e sabor (vinho branco a martelo lhe chamou a Carla) e deve ser bebido na hora em jeito de “penalti” (é para a touca ser maior).
Hoje em dia já servem Sidra Natural especial para ser servida à mesa (sumo de maçã fermentado, bebida alcoólica de 7 ou 8º). Não tivémos direito ao ritual mas a um "servidor automático” de mesa. Como a bebida não foi lá muito ou mesmo nada apreciada pela Carla, fui bebendo a ritmo calmo, mas não me safei de uma “touca em progressão”. Pós o jantar fomos desmoer e eu, passear a “Lassie”, ainda que “cachorinha”. A ponte romana foi o ponto de honra e única visita do dia. Ainda havia animação pelas ruas e até um cinema ao ar livre numa das praças da vila, a projectar uma animação para as crianças. Comemos um gelado no regresso ao hotel, em que o sabor escolhido pela Carla foi “Crema Catalana” que, segundo ela, terá sido “O melhor gelado que comeu na vida”.
A reter neste percurso: N-547 para Lugo e depois a N-634 de Oviedo a Arriondas
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