sábado, 17 de julho de 2010

O arranque

“- Porta-te bem, filho! Tu, filha, juízo! E divirtam-se!”
A logística inerente à entrega dos meninos aos avós atrasou o início desta aventura a dois. Mas logo nos primeiros quilómetros e paragens, o desejo de que eles estivessem in loco e in momentum a viver os mesmos instantes, a apreciar as variadas paisagens e a descobrirem pequenas curiosidades de sítios e coisas, emerge no meu pensamento a um ritmo frequente. Por isso, estes relatos são para eles, as memórias desta aventura partilho-as desta forma, esperando que um dia possam eventualmente vivenciar este percurso e tentarem ver e sentir o que vamos registando.

Saímos de Alcobaça já tarde e seguimos pelas estradas nacionais da costa oeste rumo à Figueira da Foz. Confesso que não vislumbrei qualquer paisagem embevecedora. Talvez porque reconheço com naturalidade o perfume dos pinheiros e eucaliptos. Talvez porque estas imagens me são familiares, foram o cenário da minha infância e juventude. Talvez porque simplesmente não são diferentes ou desconhecidas.

Já a Figueira da Foz, julgo ter lá estado uma única vez, num dia longínquo, solarento e frio de Inverno ou seja, quando lá cheguei hoje, não a reconheci. Mas a caminho, não me saíam do pensamento umas certas miúdas que conheço que passam lá a vida.

Espantou-me a imensidão de areal que se estende até tão longe. Da marginal não se percebe onde é o seu encontro com o mar. A praia vai, no entanto, estreitando, e chegamos ao final da avenida com a sensação que passámos não por uma, mas por diversas praias. Do imenso areal com passadiço de madeira até não vemos onde, até à pequena praia com dunas de pedras, há uma diversidade de características que se vão alterando. Decidimos esticar as pernas e beber algo fresco numa esplanada que também nos serviu o sol de final de tarde. Escusado será dizer que aqui a praia fecha entre as 5h e 6h da tarde, ou não estivéssemos mais a norte. As nuvens começaram aos poucos a envolver o céu, trazidas pelo vento já bem frio e rebelde e quando partimos já pairava uma luminosidade cinzenta e um arzinho húmido.

Rumámos a Aveiro. Eu já esfregava as mãos e chegava ao céu só de pensar. Pois que me deliciei com uma caixa de ovos moles em hóstia que, nem consagrada, me absolveria de tamanho pecado. A gula foi tal que nem jantei. A culpa foi tal que a imagem de 900 calorias cimentadas no meu “pneu”, me enjoava. Não, os ovos moles não enjoam nem enchem barriga, a mim não! Mas valeu a pena. E o cenário condizia, com os moliceiros atracados à beira ria, exibindo as suas pinturas cheias de cor e bandeirinhas.

Estava a ficar tarde e ainda que tenhamos planeado chegar a Valença no final do dia, tal não se concretizou. O nevoeiro tomava, aos poucos, conta dos arredores do Porto e decidimos parar. Estamos no Park Hotel, em Gaia. Encontrar-nos com uns amigos que moram no Porto, foi uma ideia, mas que logo pusémos de parte, porque estamos mesmo a precisar é de um bom descanso. Amanhã vai ser um esticão...

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