sábado, 17 de julho de 2010

Xacobeo 2010

(pontos 6, 7, 8, e 9 no mapa)

Um acordar em plena VCI, e com trânsito, ou não fosse uma 2ª feira.
YES!!! Estamos de férias, esquece lá isso do trânsito. A pé e de pequeno almoço tomado, check out, botão mágico e lá estava a S3 prontinha para ir a bomba e seguir viagem.

Saímos cerca das 10h30 em direcção à N13 Vila do Conde/Póvoa do Varzim para iniciar o percurso pela costa norte até Caminha. Chegando à Póvoa deparámo-nos com um solinho e ambiente de praia, em plena Av. dos Banhos onde almoçámos em ambiente de relax à beira da praia, quase em cima do areal. Que bem que se estava, apesar de notória a diferença entre as praias nortenhas e as sulistas. Aqui, literalmente, as praias "encerram” às 17h, e as águas são mais fresquinhas.

Terras planas quase lembrando a Holanda, aqui também se via muita bicicleta a circular. Passámos por Ofir, Esposende, etc… etc… indo pela N13 até Viana do Castelo, onde não resistimos a parar na Basílica de Santa Luzia, para apreciar a vista e conhecer o santuário.

Na súbida até Sta. Luzia, a estrada é feita num empedrado polido no qual temos mesmo que andar devagar para não apanhar sustos. Pior seria se fosse a subir com o piso molhado. Lá em cima, a vista é deslumbrante sobre Viana, de uma ponta a outra. Ainda fomos brindados com a passagem de um potro e uma égua (ver foto no slide show) que, apesar de sozinhos, pareciam saber muito bem o seu caminho.

Continuando pela N13 até Caminha, é engraçado ver que os campos de cultivo vão até ao mar e somos ladeados por mar à nossa esquerda e montanha à direita. Não pude deixar de reparar que, nesta zona minhota, os cemitérios têm jazigos que são autênticos castelos opulentos onde "o meu tem que ser maior que o do meu último vizinho".

Chegámos a Valença, o nosso último destino em que se fala português. A partir daqui a nossa aventura passará por hablar com nuestros hermanos. Com alguma dificuldade, achámos a entrada de veículos no forte, conseguindo assim entrar com a mota e poder tomar qualquer coisa nesta pequena pausa e tirar as fotografias da praxe. No Forte, além da vista do que nos espera de futuro, temos restaurantes, casas de souvenirs, vinhos, trapos e até julgo ter passado por uma loja chinesa.

Espanha “llegamos”!!! A próxima estrada levar-nos-á até Santiago de Compostela. A N-550 é também conhecida por ser umas das estradas que acompanham os caminhos de Santiago vindos de Portugal.

Nada de motas... estranho.. mas deve ser porque a romaria vai para sul e não para norte como nós. No próximo fim de semana é a concentração de Faro e como tal 0 motas a acompanhar-nos neste pequeno passeio. Muito caminhante e ciclista a fazer os caminhos de Santiago a caminho do Xacobeo 2010. Estes sim, coragem que "só falta um bocadinho assim"!

Rumámos para Pontevedra, com passagem pela Ria de Vigo a contrabalançar o que já se sentia: as montanhas e suas estradas e curvas e curvas, um espectáculo, onde a S3 se sente completamente em casa (isto das “muscle naked”, esqueçam os motogp e velocidades supersónicas, o que está a dar é binário e bailar ao sabor do alcatrão).

Paragem para atestar a bicha, e que bem que se está aqui. O líquido precioso é bem mais barato. Contrariamente a Portugal, aqui ainda se vêem carros porreiros a gasolina, a dieselização não é acentuada como em Portugal. 1Lt de Gasolina 95 custou €1,14.

A meia distância de Santiago, ali perto de Pontevedra, começou a chuviscar. Chuva, não estava nos planos e muito menos estávamos preparados para essa eventualidade. Isto de viajar de mota e na mota em questão, ligeireza é a palavra de ordem. Por isso 0 equipamento Goretex ou Cordura para além do blusão. Envolvemos as bagagens com os sacos de protecção respectivos e lá seguimos, esperançosos que não iria durar muito.

Chegámos a uma vilazinha chamada Padrón em que se vêem, à beira de estrada, umas bancas com umas senhoras com uns saquinhos com algo verde lá dentro. Mas que raio era aquilo?! Caramelos?! Até que num semáforo parámos bem perto de uma banqueta, investigámos, e o que era?!...
Pimentos, e fez se luz! Pimentos de Padrón, sim, aqueles que são uma lotaria - ora tudo ok, ora uma bomba. Pois é, mas não era nem uma nem duas bancas de estrada, eram lojas, era tudo… Uma especialidade local bem explorada pelos residentes.

A chuva, em formato molha parvos, não molha, mas molha, e bem! Quando estamos longe do destino e somos forçados a uma marcha lenta para não estragarmos as férias por causa de eventual deslize .

Santiago de Compostela, chegamos! Xacobeo 2010 (http://www.xacobeo.es/ )em força. Mas o que raio é Xacobeo?
Tem pecados por perdoar em 2010? Espanha tem a solução. Tem apenas de realizar o Caminho de Santiago no ano que é Xacobeo! E o que é isso? São todos os anos em que 25 de Julho (Dia do Apóstolo Santiago) calha a um domingo. Esta comemoração ocorre desde a Idade Média e foi estabelecida por uma Bula Papal. Toca a aproveitar, porque o próximo Xacobeo será só em 2.021 (daqui a 11 anos).

A chuvinha que não pára!!! Irra, que tromento! Eu molhado, Carla molhada e a “Bifa” também.
Onde ficar? Isto de andar sem reservas tem destas coisas: é bom, pois andamos decomprometidos com tempo e lugar, mas nestas horas e com a chuva, quem nos dera ter onde nos dirigir sem perder tempo. E já não era cedo. Já passavam das 19 horas (locais). O que veio à cabeça para uma rápida resolução - IBIS. Mas não há nada disso em Santiago. Andámos pelo centro da cidade a olhar para tabuletas amarelas que indicavam Hotéis e tudo 3, 4 e 5 estrelas, ui estamos feitos! Ehehehehhehe. Numa ruazinha qualquer de que não me recordo do nome, vejo um hotel de 1 estrela, assim típico, com bom ar, limpo, acabado de remodelar e pintar na fachada. Parámos e fui lá ver como era a dormida. Por dentro era moderno, limpo com um ar minimalista, gostei. Pergunto à senhora os preços - cerca de 50/60eur “doble” c/ desayuno. Perfeito!
- “E tem garagem?” (estou de mota)
- “Não.” (responde ela)
Pronto, tudo estragado, casa da partida novamente (para mim, a minha mota tem que ter sempre lugar, nem que seja no quarto ou na sala).
Questiono se, por acaso ela saberá de algum hotel que tenha garagem para a mota descansar ao que me responde que no centro será muito difícil devido aos edifícios serem antigos. Garagens, além do parque municipal não vai ser fácil (eh pah, isso é que não! - pensei eu). Até que a rapariga se lembra de um sítio ali um pouco mais à frente, para eu tentar.

Lá fomos a apanhar mais um pouco de chuvinha irritante e, uns 500m mais à frente, entrámos e vi uma cancela com um parqueamento mais a baixo.
Na recepção uma antipática recepcionista atendeu-nos e explicou que o único sitio possível para deixar a mota seria neste parqueamento (antes isto que no parque municipal, e grátis!). O único senão era a "dormida" ao relento e à chuva, coitada da Bifa, ia se constipar, eheheheheh.
Hostal La Salle (http://www.hostallasalle.com/), dormida ao mesmo preço mas sem pequeno almoço e tem wi-fi. Quero lá saber, já estávamos na fase do “ficamos em qualquer sitio”. O quarto não tinha nada de luxos, era um poiso para dormir e descansar com a vantagem de ter vista directa para mota. Tudo estendido e banhinho tomado, jantar. Onde? Descemos a rua mais um pouco em direcção ao centro de Santiago e vemos uma “bodeguilla” cheia de malta.
- "Eh pah!!! Aqui deve-se comer bem, tá cheio!”
Bodeguilla SanRoque (http://www.labodeguilladesanroque.com/), tipicamente espanhola e o ambiente era porreiro. Cheia de estrangeiros (franceses, italianos, ingleses, espanhóis, e outros tugas além de nós, também me pareceu). O petisco foi: pão, chouriço picante, ovos mexidos com cogumelos, tarte de legumes e uns croquetes à casa, muito bom. Saímos quase e rebolar pois as doses eram do cacete!

Agora o que ansiávamos era um ó-ó mesmo merecido. A Carla não aguentou e quis continuar a sua escrita da etapa de hoje. Eu ainda andei a ver umas coisas na net pelo telefone quando recebo um mail da Carla com assunto “Surpresa”. Era um blogue que ela tinha criado para nós registarmos esta nossa aventura até aos Picos de Europa.

Ao adormecer só tinha uma coisa em mente:
“Santiago dá la mazé um toque ao S.Pedro porque isto de viajar a 2 de mota com chuva não dá com nada e não irá motivar futuras aventuras semelhantes” (além do ai ai ai, a mota está la fora sozinha, ai os malandros que podem abusar da bifa durante o meu sono)

ZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz….

A reter neste percurso: N13 depois de Viana e N-550 (mesmo com chuvinha)

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