(pontos 19, 20, 21, 22, 23 e 24 no mapa)
8h da manhã. Pensamento do dia: andar o máximo de manhã, enquanto não está tanto calor. Não eram 10h já estávamos em cima da bifa a partir pela N-110 a caminho de Ávila. Planícies e rectas foi a nossa realidade. Nem sei bem como definir esta fase, se bom se mau. De toda a maneira, estávamos com “casa” em mente, ou por cansaço ou pelo calor, ou porque de facto depois da experiência pelos Picos de Europa as estradas ficaram entediantes. Qualidade impec, nada a dizer. Tomaram as nossas nacionais terem a manutenção das estradas espanholas. Já sentimos o calor a subir... e vem para ficar.
Numa fase de mega recta em que, literalmente, o final era um ponto de fuga no horizonte, passando Ávila sempre na N-110, apeámos numa paragem de autocarro em Poveda para nos hidratar e para um xixizinho (eu, claro!). Quando olho para o lado e vejo um poste metálico pintado que estava assinado e marcado por passageiros que por ali vão esperando, lembrei-me: vamos deixar também a nossa marca. E assim foi Flávio + Carla + Triumph, 16-07-2010.
Continuámos pela EXTREMAdura (calor e temperatura no seu melhor) quando, novamente, somos presenteados por uma estrada de Serra.
Entretanto reparo que tenho por vizinho ou direi meu “asa”, um Porsche Boxster com um casal lá dentro. O senhor também me pareceu que estava deserto para fazer 5 a 10kms em modo “Playstation”. Num semáforo de obras na via, arranco 1º, e ainda o sinto a pressionar passagem. Mas o meu civismo motard não o permitiu, até que deixo de o ver. Quero pensar que ele quis espaço e deixou-me ganhar distância para ter corda para se esticar à vontade. Tanto melhor, pois podia não dar boa coisa, downhill de mota a 2, com carro atrás a querer sensações semelhantes. A zona a que me refiro tem por nome Puerto de Tornavacas.
Acabando a voltinha ao carrossel, parámos numa esplanadinha de um hotel a beira de estrada para beber mais qualquer coisa e perder mais uns líquidos extra suor devido ao calor que fazia se sentir (lá passa o senhor do Porsche!) Nesta paragem o vale é lindissimo mas ouvimos tiros de caçadores e cantos de aves, uma situação estranha pois parecia uma gravação em loop que tocava com ritmo vezes sem conta. Aqui apercebemo-nos que os chocolates estavam... errr, pois... isso... derretidos! Pensando bem, mas quem é que no seu perfeito estado de consciência e lucidês compra 5 ou 6 tabletes de chocolate para oferta e os enfia num alforge durante horas ao calor? Devíamos estar a pensar que a loja era algum free-shop e íamos de avião com ar condicionado. Dahhhhh!!!! Hello Flávio, onde estavas com a cabeça???!!
Depois de Tornavacas entrámos no Vale do Jerte que deve ser o local de produção de cereja em Espanha. Havia terraços de cerejeiras por todo o lado, já não em flor, mas com frutas prontas para a colheita. Todas as casas tinham “banquinha” no portão a indicar venda.
Novamente.. recta.. recta... e, sem destino de paragem para desfrute local, seguimos nosso caminho. A transição para a tarde, depois de Plasencia até Cáceres, foi o inferno. Um calor do pior, qualquer abrandamento do ritmo lá estava a ventoínha a bombar, numa tentativa da mota em fazer um pequeno “cooldown”. Muito perto de Placensia, entrámos na N-630 que, logo depois, se funde com a Autopista de la Plata A66 (qualquer semelhança com Route 66 é pura coincidência!), e passados alguns quilómetros, voltámos a ter indicação de N-630. Que estrada tão boa e parelela a A66, a fazer as delícias de qualquer aspirante a Fast Freddie, fato de cabedal, mota e kit de unhas. É tudo vosso!
A N-630, de repente, leva-nos finalmente a um português, não estava fácil. Seu nome é Tajo nesta bandas que, passando a fronteira passa a Tejo. Passámos por umas grandes bacias do Rio Tejo, foi espectacular, e com o calor confesso que ainda pensei: páro e improviso um mergulho. Mas não... “Missão Casa” era o objectivo principal nesta fase da viagem. E ainda era “It's a long way home”.
Em Cáceres mudámos para a EX-100 onde parámos para almoçar e seguir até Badajoz. Mas queeeeeeee calorrrrrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!!!! Em Badajoz, era cedo, acho que nem 15h espanholas. Aqui ficou mais que decidido que esta noite já era passada em casa. Última ida à bomba atestar com o líquido precioso a um preço bem simpático comparativamente a Portugal. (1LT 95 ron = €1,15) e atestei-me também com um RedBull, não quero sonolência (não bebo e não gosto de café e o calor não ajuda nada).
Agora, entrando em Portugal e com a N4 segui segui...(em jeito alentejano, casa é já ali, xegue... xegue... xegue...) Borba, Estremoz, Vimieiro, Arraiolos, Montemor -O- Novo, Vendas Novas: aqui a nossa paragem habitual de bifanas ficou pela intenção, fome era nula ou quase. Devido ao calor queríamos era beber, e muito!
De Vendas Novas, sempre pela N4, o próximo ponto foi Pegões, onde virámos à esquerda para a N10 em direcção a Águas de Moura / Marateca e direitinhos para Setúbal.
Chegámos, finalmente a AngelFarm. Lar Doce Lar. Esta última etapa foi muito dura: o número de quilómetros percorridos foi 650, só hoje. O total foi 2350Kms, o custo dos 6 dias foi de 900eur (tudo incluído).
Depois dos banhos e sentados na sala, sorrimos e exclamámos: isto foi mesmo giro! A Carla parece que ficou fã deste tipo de saídas, ainda estávamos a relaxar, deixou a sugestão no ar – “Como é para o ano? Era giro ir à Escócia!”
Adorei! Estou estafado e quero abraçar a almofada. Para o ano há mais.
Ab, fLAVIO / fLUNX
A reter neste percurso: Não andar na torreira do sol MESMO!!!! Estremadura de verão... upa upa é Extrema_dura. N-110 ainda ha ali um troço de montanha espectacular.
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